segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mulheres, sensibilidade e liberdade!

            O mundo mudou! Vão dizer as pessoas numa conversa descontraída e informal. Porém, para muitos esta expressão tem muitos significados e paradigmas que ainda teimam em pairar sobre nossas cabeças em pleno século XXI. Toda mudança nos leva a movimentos e transições que invariavelmente geram desconstruções, quebras de mitos e barreiras impostas por segmentos dominadores. E ao longo da história percebemos o quanto algumas “verdades” costumam retornar para perpetuar a lógica do opressor em vários segmentos da sociedade.
            Em cada época somos desafiados a fazer algumas releituras de mundo a partir de uma ótica libertária e progressista para o nosso tempo. Ao folhearmos as páginas do A.T e do N.T encontramos em vários momentos, Deus falando ao seu povo através dos profetas sobre como deveríam buscá-lo e adorá-lo baseado não em mitos ou fábulas inventadas por homens, mas na revelação divina.  Se observarmos atentamente os textos bíblicos, encontraremos uma mensagem de libertação dos cativos em um mundo onde o engano, as injustiças, a opressão e a dominação imperavam sob a égide da moral e da ética.
            Os tempos são outros hoje! Entretanto, esquecemo-nos que apesar das sociedades mudarem, o ser humano continua o mesmo desde sua queda. Mesmo que nossa natureza decaída realize coisas maravilhosas devido à imagem de Deus permanecer em nós, continuamos construindo relacionamentos estruturados em poder, ganância, dominação, medo e alienação. Em decorrência disto, vemos em nossas igrejas uma leitura bíblica de gênero muito machista em nossas comunidades de fé. Quem nunca ouviu de muitos púlpitos a expressão “o marido é o cabeça da mulher”? E que a mulher deve ser submissa ao homem? Se o homem é o cabeça a mulher é o pescoço? Estas falas durante muitos anos têm gerado mais divisões e confusões no seio da igreja do que qualquer outra passagem bíblica.
            De fato o mundo mudou! E graças a Deus por isso ter acontecido e continuar a acontecer. Uma compreensão inadequada desta passagem bíblica tem gerado questionamentos e constrangimentos em muitas famílias cristãs, e deixado muitas mulheres oprimidas por seus maridos em nossas igrejas. Quantas não são aquelas que no silenciar de sua voz tem se fechado para o mundo e para um aprofundamento espiritual na presença de Deus? Desconstruir mitos, quebrar paradigmas sempre foi algo visível no ministério de Jesus. Observamos isto no seu diálogo com a mulher samaritana, no fato de muitas mulheres o seguirem e de mulheres terem sido as primeiras ao encontrarem o túmulo vazio. Estes relatos nos mostram que a liberdade chegou à vida das mulheres também e que elas são participantes do derramamento do Espírito Santo capacitando-as para ministrarem no seu reino.
            Ao lermos o texto de Efésios 5:22-33 somos incitados a pensar que o apóstolo Paulo era alguém machista; devido o texto dizer: “mulheres sejam submissas aos seus maridos”. A grande dificuldade aqui é que geralmente começamos a interpretação do texto a partir do verso 22 em diante. Porém, antes de Paulo falar sobre a submissão da mulher, ele diz: “sujeitem-se uns aos outros”. Isto significa dizer que os maridos devem sujeitar-se as suas esposas de igual modo as esposas aos seus maridos. Não há diferenças.
            Infelizmente, muitos cristãos não conseguem enxergar esta riqueza do texto bíblico e criam uma dificuldade nos relacionamentos conjugais em virtude dos seus papéis. Somos uma cultura machista e com vários ranços patriarcais e por isso somos tendenciosos a distorcer palavra de Deus em benefício dos dominadores que tentam silenciar as vozes femininas que ecoam ardentemente de seus corações.
            Construímos uma interpretação bíblica literalista e alicerçada na temporalidade da queda do homem e da mulher e nos esquecemos da obra redentora da Cruz onde não há hierarquização dos papéis e sim uma verticalização que se complementam numa só carne. Somos nova criação de Deus e nesta nova humanidade redimida por Cristo as mulheres são participantes da mesa do Senhor e vivificadas pelo mesmo Espírito que atua nos homens. Na lógica do reino de Deus a união mística que ocorre no casamento, não deve haver mais dois, apenas um, não deve haver hierarquias, mas complementaridades, não mais sexo, mas conjugalidade, ternura, amor e unidade.
            Entendamos que a relação entre marido-mulher deve ser em comparação como a de Cristo-igreja. Como a igreja está sujeita a Cristo? Esta é a pergunta chave para entendermos como marido-mulher deve vivenciar seu matrimônio. Neste relacionamento deve haver: iniciativa, voluntariedade, fidelidade, abnegação, gozo e alegria. Nada que lembre constrangimento, contrariedade, amargura, subserviência, servilidade, rancor ou ódio. Um se submete ao outro como ao Senhor. Mulheres sejam livres em nome de Jesus!
                                                                                                                                                                                            Marco Antônio Pereira Manoel Carvalho
Casado com a Pra. Cristiane Queiroz de Carvalho .Formado em Teologia pela Faterj, Pós-graduando em Ciências da Religião na mesma instituição e graduando em História na Unigranrio. Membro da Igreja Batista Central de Honório Gurgel. Líder do ministério de ensino nesta igreja. Um eterno aprendiz do seguimento de Jesus. Um servo que acredita no binômio reforma e carisma para os dias atuais para comunicarmos a mensagem do evangelho em sua totalidade e produzir vida, amor, graça, justiça e perdão onde o oposto destes elementos do reino de Deus não estiverem sendo evidenciados. Chamado por Deus para pastorear vidas e conduzir todos quantos o Mestre enviar ao conhecimento do Cristo ressurreto para homens e mulheres. “Reforma sempre reformando”.

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